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Comemorações DMA21 marcadas por visitas guiadas e "Conversas ao Estirador’"
29.10.2021
Nos Açores, no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Arquitetura (DMA21) destacam-se as visitas guiadas a obras com valor arquitetónico, reunindo arquitetos e alunos do ensino secundário, em várias ilhas da Região, e as "Conversas ao Estirador", num formato que segue a rúbrica mensal que já conta com 10 edições.

As visitas guiadas tiveram os objetivos de divulgar o potencial da Profissão de Arquiteto e da Arquitetura junto de uma faixa etária mais jovem da Sociedade, recorrendo a um caso prático, contribuindo para a construção de uma sociedade mais conhecedora, ativa e participativa no reconhecimento, valorização e defesa do Direito à Arquitetura.

Neste âmbito, na cidade de Angra do Heroísmo, um grupo de alunos da Escola Básica e Secundária Tomás de Borba visitou a obra Q.B. Restaurante, a 12 de outubro, tendo a visita sido guiada pelo arquiteto João Monjardino, autor do projeto.

Também em Angra do Heroísmo, um grupo de alunos da Escola Secundária Jerónimo Emiliano Andrade visitou a obra Zenite Boutique Hotel & SPA, da autoria do arquiteto José Parreira, a 13 de outubro. Segundo o autor do projeto, a obra Zenite Boutique Hotel & SPA “possibilitou restituir à cidade de Angra do Heroísmo mais um dos seus fragmentos”. A transformação da ruína de um solar setecentista em uma “unidade hoteleira de cidade, dotada de todas as valências necessárias a uma oferta de qualidade superior”, resulta “da integração formal do material disponível numa lógica contemporânea de espaços e funções”, bem como “no reativar das memórias, substrato fundamental da atração turística, e da continuidade cultural da comunidade”.

Em Ponta Delgada, alunos da Escola Secundária Antero de Quental, na tarde de 14 de outubro visitaram a obra Armazéns Cogumbreiro, tendo a visita sido guiada pela arquiteta Sílvia Santos, que participou no projeto. Segundo o autor do projeto, arquiteto Manuel Aires Mateus, “a recuperação dos Armazéns Cogumbreiro procura integrar a memória urbana deste edifício, abrindo a todos o piso térreo, com uma cafetaria. As unidades de habitação, que ocupam os pisos superiores, organizam o espaço respeitando a fachada e a métrica dos vão”.

Também na cidade Ponta Delgada, os alunos da Escola Secundária Domingos Rebelo, a 19 de outubro, visitaram a obra Casa das Palmeiras - Charming House, cujo projeto de reabilitação é da autoria dos arquitetos Joana Guarda e Paulo Franco. A Casa das Palmeiras, mandada construir pela Condessa de Cuba, em 1901, é um edifício ímpar no centro de Ponta Delgada, onde é notória a influência de Arte Nova. Após um período de cerca de 30 anos de esquecimento, a reabilitação da Casa das Palmeiras resultou na sua transformação em um elegante Alojamento Local, tendo sido recuperados e mantidos os aspetos arquitetónicos da sua origem, garantindo conforto e bem-estar.

Na cidade da Horta, alunos de artes da Escola Secundária Manuel de Arriaga visitaram a obra Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, a 20 de outubro, cujo projeto de intervenção de restauro é da autoria do arquiteto Carlos Garcia. Nas palavras do arquiteto Carlos Garcia, a intervenção no edifício, com “valor patrimonial e histórico”, “procurou estender o programa por adaptação espacial a diferentes funcionalidades da estrutura existente, nomeadamente à realidade de uso que se desenvolvia no local, como o enquadramento da visita turística, a educação ambiental, instalações do OMA e acontecimentos temporários como encontros científicos”. Durante a visita, o arquiteto Carlos Garcia procurou contribuir e sensibilizar os alunos para o reconhecimento do “papel cultural da arquitetura”, procedendo a uma apresentação detalhada e estruturada, tendo recorrido aos meios digitais disponíveis nas instalações do Museu.

Na cidade de Lagoa, a 22 de outubro um grupo de alunos de artes da Escola Secundária da Lagoa visitou a obra Casa SS, cujo projeto é da autoria do arquiteto Rui Sabino de Sousa. A visita à obra, que se encontra na fase final de acabamentos, foi guiada pelo próprio autor do projeto, tendo sido abordadas questões do programa, do enquadramento e de componentes construtivas, tendo os alunos manifestado bastante entusiasmo.

Atendendo ao interesse manifestado pelos alunos da Escola Secundária Antero de Quental, realizou-se uma segunda visita, desta feita à Biblioteca Central da Universidade dos Açores, cujo projeto é da autoria dos arquitetos Pedro Machado Costa e Célia Gomes, do AS* Atelier de Santos, sediado em Lisboa. A visita foi guiada pelo arquiteto Igor Espínola de França, por conhecer com profundidade a obra, tendo sido abordadas questões relativas ao procedimento concursal, ao programa, ao enquadramento da paisagem envolvente, à organização do espaço, com relevo para as zonas de circulação e a criação de zonas de estudo diferenciadas, e à tectónica, com destaque para a fachada cortina em aço córten e a “plasticidade” do betão.

Na cidade da Praia da Vitória, alunos da Escola Secundária Vitorino Nemésio visitaram o Edifício Multisserviços, a 28 de outubro. A visita à obra foi guiada pelo arquiteto Bruno Miguel Fontes, autor do Projeto de Arquitetura, apresentando um edifício que se apresenta numa linguagem arquitetónica contemporânea.

No que diz respeito à "Conversa ao Estirador", é de salientar que pretende ser um encontro informal entre arquitetos e a comunidade, com o objetivo de divulgar o potencial da Profissão e promover a Arquitetura junto da Sociedade. Apesar de se concretizar num formato online, onde cada orador está no seu atelier, pretende ser um encontro de amigos que se juntam num café a falam sobre um determinado tema.

Neste âmbito, realizaram-se três encontros: o primeiro, a 14 de outubro, contou com a presença dos arquitetos Filipa Bettencourt, Jorge Kol de Carvalho e Rodrigo Coelho, tendo sido abordadas questões relativas a piscinas naturais; o segundo, a 21 de outubro, com a presença dos arquitetos Marco A. Andrade, Alexandra Paio e Paulo Franco e o engenheiro Francisco Furtado, tendo a conversa abrangido questões relativas a Ordenamento do Território e suas repercussões na Mobilidade e Sustentabilidade; e, o terceiro, a 28 de outubro, reuniu os arquitetos André Patrão, Ana Bruto da Costa e Tiago P. Borges, tendo falado de questões relativas a migrações e respetivas influências profissionais e identitárias, além da relação academia-prática.

Estas conversas estão disponíveis para visualização no canal do Youtube (Conversa ao estirador 19) e a página do Facebook da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitectos.


João Correia Rebelo (1923-2006), Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos (a título póstumo)

A Cerimónia de atribuição de título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos, inserida nas comemorações do DMA21, ocorreu no passado dia 22 de outubro, às 18h30 (Portugal Continental), no Auditório da Ordem dos Arquitectos, em Lisboa.

Sob proposta de Nuno Costa, Presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitectos, e após auscultar todos os membros do Conselho a que preside, foi outorgado o título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos ao arquiteto açoriano João Correia Rebelo (1923-2006).

Nas palavras de José Manuel Fernandes, ao longo das décadas de 50 e 60, nos Açores, realizou “uma obra de qualidade notável, bem representativa da melhor arquitetura contemporânea no nosso País”.

É autor de um conjunto de projetos concretizados que representam o expoente máximo da expressão do movimento moderno nos Açores, onde se destacam: a Estalagem da Serreta, em Angra do Heroísmo; a Casa Almeida Lima, na Ribeira Grande, obra classificada; o Seminário Diocesano do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada; o Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada; o Conjunto Residencial Dr. Silveira Rosa, em Ponta Delgada; a Casa Silva Fraga, na estrada Ribeira Grande-Ponta Delgada; a Central Termoelétrica do Caminho da Levada, em Ponta Delgada; e o abrigo agrícola no Monte Escuro, em São Miguel.

A sua obra, sempre fiel aos princípios modernistas, verte a história da arquitetura contemporânea internacional, com referências a Le Corbusier e alusões às obras da Bauhaus e de W. Gropius, F. L. Wright, A. Aalto e Oscar Niemeyer.

A exposição e manifestação pública, cívica e crítica, de João Correia Rebelo, com a publicação do único manifesto feito em Portugal pela afirmação da arquitetura moderna em detrimento da arquitetura passadista do Estado Novo, de 1953 e intitulado “Não!”, além do “Senhor Ministro”, de 1956, e dos diversos artigos publicados em diferentes jornais, em reação à construção dos edifícios que ladeiam a praça Gonçalo Velho em Ponta Delgada, em Estilo Nacionalista, muito contribuiu para a valorização e afirmação da arquitetura contemporânea na sociedade Açoriana e, em particular, a Micaelense.

João Correia Rebelo é sucessor do pioneiro da arquitetura Moderna nos Açores, o engenheiro químico Manuel António de Vasconcelos (1907-1960), e a par do arquiteto açoriano Eduardo Read Teixeira (1914-1992), autor de um conjunto de obras projetadas e edificadas entre 1940 e 1970 e enquadras na linguagem da arquitetura Moderna, constitui a 2.ª geração de arquitetos modernistas nos Açores.

Para Nuno Costa, este é um momento de justiça, atendendo à qualidade e relevância da obra de João Correia Rebelo, sobretudo, no contexto regional.

Esteve presente na cerimónia o sobrinho, João Rebelo, a quem foi entregue o Diploma e que proferiu palavras de enorme gratidão pelo reconhecimento de um homem que se sacrificou em prol dos valores da arquitetura que acreditava, tendo pago um preço bem alto ao emigrar para o Canadá.


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