Jornal Arquitectos [J-A]
Design: Pedro Falcão
Cidade
19.08.2008
A oposição cidade-campo dominou o pensamento moderno sobre o território. A hierarquização do sistema produtivo, com a indústria como detonador urbano, esteve no centro dos vários modelos de cidade do século XX. Hoje, estando obsoleta essa capacidade transformadora do mundo industrial, a Cidade Subjectiva já não depende desse binómio entre o rural e o urbano. Incorpora, sim, vários níveis de ocupação e sistemas produtivos, onde convivem o rural, o urbano, o suburbano, mas também o “terrain-vague” e as grandes infra-estruturas. A subjectividade da paisagem contemporânea e a sua condição híbrida e dominante permitem-nos hoje ampliar o significado de cidade.
Aceitando estas premissas, o binómio Cidade/Periferia não será já uma leitura desaquada da paisagem que criamos todos os dias? Um habitante da periferia não é apenas mais um habitante da cidade metropolitana?

Na décima Bienal de Veneza, em 2006, que teve como tema “As Cidades. Arquitectura e Sociedade”, reflectiu-se sobre as “Shrinking Cities” – cidades que têm vindo a perder população nas últimas décadas. No pavimento da sala da Federal Cultural Foundation, estava representado um enorme mapa mundi com centenas de cidades em que se assiste – ao contrário das expectativas de crescimento das populações urbanas mundiais indicadas pelos últimos censos – a uma perda de vitalidade resultante do decréscimo das suas populações urbanas. Lisboa e Porto eram exemplos de “Shrinking Cities” na Europa.

A cidade de Lisboa, como concelho, diminuiu drasticamente de população num período de duas décadas. Dos oitocentos mil habitantes da cidade no princípio dos anos noventa, passou-se para quinhentos e oitenta mil na primeira década do século vinte um. Pelo contrário, os concelhos periféricos, principalmente os que se situam em torno do Estuário do Tejo, e que conformam aquilo a que se designa pela Grande Lisboa, verificaram na sua grande maioria um crescimento exponencial de população e um gradual aumento das actividades urbanas associadas à construção não só de novos aglomerados urbanos, mas também de equipamentos e serviços.
Será então Lisboa, tal como o Porto, uma Shrinking City?

Este número do JA procura reflectir sobre a condição da cidade no presente, mostrando projectos não imediatamente identificáveis com o modo tradicional de fazer cidade, como o espaço público e a habitação ou os grandes equipamentos. Mostram-se projectos, com vários programas, que operam na cidade subjectiva – na periferia ou no centro – e permitem gerar lugares mais humanizados.
É a tímida chegada da Arquitectura a um território onde a população urbana se miscigeniza e procura novas condições de cidadania. Lembramos Max Weber: “O ar da cidade liberta-nos”.

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