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Exposição e Colóquios “Património Arquitectónico da UTL”
31.10.2011
Convidam-se todos os interessados a visitar a exposição “Património Arquitectónico da UTL” que estará patente ao público de 15 de Novembro a 16 de Dezembro no auditório CUBO (Espaço Rainha Sonja) da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL).

Nos dois primeiros dias de inauguração, 15 e 16 de Novembro, das 11h00 às 12h30, os visitantes podem participar nos colóquios que a FAUTL organizou, num evento expositivo que contou com a colaboração fundamental das restantes escolas da Universidade.

Programa do "Colóquio sobre as Arquitecturas da UTL - História e Valor"
(organização com o apoio do Departamento de História e Teoria da Arquitectura da FAUTL)

15 Novembro, das 11h00 às 12h30 / com inauguração da exposição "Património Arquitectónico da UTL"

Conferências / audio-visuais:

- Palácio Burnay - pela Professora Maria Calado
- Instituto Superior de Agronomia (ISA) - pela Professora Marieta Dá Mesquita
- Obras dos anos 1990: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) + Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e Faculdade de Medicina Veterinária (FMV) – Pelo Professor Michel Toussaint

16 de Novembro, das 11h00 às 12h30

Conferências / audio-visuais:

- Palácio Centeno – pela Professora Leonor Ferrão e Professora Luísa Arruda (da FBAL)
- Instituto Superior Técnico (IST) – pela Professora Maria João Neto e Professor Centeno Jorge
- Faculdade de Motricidade Humana (FMH) e Faculdade de Arquitectura (FAUTL) – pelo Professor José Manuel Fernandes

Encerrramento
Resumos das conferências do colóquio, inserido na inauguração da exposição
“Património Arquitectónico da UTL”

Conferência 1
Por Maria Calado
Prof. Associada da FAUTL

Palácio Burnay

Com frente urbana para a Rua da Junqueira, em Lisboa, o Palácio Burnay é um edifício resultante de sucessivas intervenções (algumas mais marcantes e estruturantes), que lhe imprimiram uma configuração arquitectónica de natureza eclética. A fachada principal, aquela que se revela à cidade, inscreve-se nos muros de limite da propriedade, abrindo-se para a rua principal, enquanto a fachada posterior se relaciona com jardim implantado em declive sobre a encosta. O conjunto, formado pelas áreas construídas e pela envolvente natural, assume a fisionomia de palacete urbano. A organização espacial e construtiva e a linguagem arquitectónica traduzem bem a matriz fundacional ligada às funções de natureza habitacional, que prevaleceram durante longo tempo até serem substituídas pelos actuais usos (espaço educativo, espaço de formação e investigação e serviços administrativos)
A origem remonta ao século XVIII, quando uma simples propriedade rural, com pequenas construções dispersas, entre a Rua Direita da Junqueira e A Ermida de Santo Amaro, foi transformada numa grande casa para residência de veraneio, conhecida como Palácio do Patriarca. O edifício pombalino, classicizante e austero, foi ampliado e monumentalizado no século XIX, com a construção de elevados torreões, cúpula com lanternim e um jardim exótico, à maneira dos palacetes burgueses de expressão romântica. A partir do final de oitocentos, o Palácio foi objecto de uma requintada intervenção ao nível da arquitectura e decoração interior, de teor cosmopolita, obra coordenada pelo arquitecto Nicola Bigaglia, com a participação de qualificados artistas e artífices nacionais e internacionais. Neste contexto, foi também construído um pequeno teatro, com entrada pelo jardim. O resultado desta intervenção traduz-se numa dos mais representativos espaços e ambiências artísticas das primeiras décadas do século XX, cenário de vivências próprias.
Destituído da sua função original, em 1940, acolheu instituições públicas. Foi adaptado a escola (ISCSP), função que manteve até final do século XX e a espaço de investigação (IICT), que ainda se mantém. Em pleno século XXI, aqui foram instalados serviços e actividades da Universidade Técnica de Lisboa. Património Cultural (classificado como Imóvel de Interesse Público), é um espaço vivo e vivido, um património de valor arquitectónico, artístico e paisagístico, onde as múltiplas sedimentações do tempo, se exprimem na dimensão da nossa contemporaneidade.




Conferência 2
Por Marieta Dá Mesquita
Prof. Associada da FAUTL

Instituto Superior de Agronomia

O edifício principal do Instituto Superior de Agronomia projectado por Adães Bermudes (1864-1947) implantado nos terrenos da Tapada da Ajuda é inaugurado em 18 de Novembro de 1917 . Erguido num plano inclinado a Sul, num dos extremos da propriedade, demonstra a intenção do arquitecto em criar uma obra consagradora do ensino das ciências agronómicas dentro do programa de renovação da I República.
A planta encontra o seu centro no grande pátio a céu aberto, que organiza toda a lógica funcional do edifício. É no seguimento dos eixos que o delimitam que se alinham e agregam os volumes salientes e independentes das seis ‘torres’, quatro delas laterais e duas outras frontais. Toda a circulação horizontal é feita por galerias e corredores sequenciais que atravessam longitudinalmente o edifício. Os acessos verticais são realizados através das quatro grandes escadarias, que coroam as extremidades do pátio central. Os espaços contemplados no programa, nomeadamente as áreas destinadas ao ensino e à investigação, denunciam muitos dos princípios defendidos pela modernidade epocal. Esta opção conceptual também está patente na composição dos alçados, através da abertura de um generoso número de altos vãos, que deixam passar a luz natural e o ar para o interior.
Adães Bermudes pela experiencia acumulada no domínio das tipologias de ensino, imprimirá a este edifício um cunho singular que permite classificá-lo como obra de referência dentro do património arquitectónico da UTL.


Conferência 3
Por Michel Toussaint
Prof. Auxiliar da FAUTL

Instituto de Ciências Sociais e Políticas
O edifício do ISCSP foi projectado pelo arquitecto Gonçalo Byrne com a colaboração, entre outros, de Manuel Mateus e Francisco Mateus a partir do primeiro prémio de um concurso que se iniciou em 1991. Depois de uma mudança do Plano de Pormenor do campus universitário da Ajuda, houve que adaptar o projecto que foi limitado a um lote quadrado, interpretado pelos arquitectos como um quarteirão. Ocupando todo o lote está um embasamento, que se torna visível nas cotas mais baixas do terreno em encosta, contendo os estacionamentos. Sobre o embasamento, um corpo de planta em U define os três lados do “quarteirão”, criando um pátio/terraço aberto a Leste e acessível a todos. O lado poente contém a entrada principal e os altos espaços de circulação comum que dão acesso ao grande auditório e restaurante. Estes espaços, com as suas ligações ao pátio/terraço, constituem o coração colectivo do edifício. Na sua austera expressão derivada das vanguardas do Movimento Moderno, marcada pelas “janelas em comprimento”, o edifício abre-se mais para o pátio/terraço do que para a rua, seguindo uma antiga tradição escolar. A sua construção decorreu entre 1998 e 2001.

Faculdade de Medicina Veterinária
O projecto do vasto complexo arquitectónico que alberga a FMV também se iniciou com um concurso em 1991, inscrevendo-se num Plano de Pormenor que foi abandonado para ser substituído por outro que implicou uma malha ortogonal de avenidas sobre o vale do Rio Seco. Tal implicou, para o arquitecto João Lúcio Lopes, articular essa ortogonalidade com a encosta que ocupa e o cabeço que lhe está próximo. Sobre a avenida situou três corpos paralelepipédicos: o da entrada principal com os auditórios revestido a tijolo, mais alto e assinalando a abertura ao parque de Monsanto, um outro baixo e longo com salas de aula, também revestido a tijolo e um terceiro sobre este com os gabinetes abertos ao Tejo e os laboratórios para o interior do complexo. Passagens aéreas, terraços e corredores constituem uma rede de circulações que se prolongam por todo o complexo, associando todos os outros edifícios que incluem a grande diversidade de actividades, desde a clínica até à criação de animais. A sua presença urbana é impressiva na articulação dos grandes corpos e na presença visual das circulações, fazendo lembrar imagens arquitectónicas do futuro desenhadas nas primeiras décadas do século XX como as de Sant’Elia aos Construtivistas Russos. A sua construção decorreu entre 1996 e 1998.

Instituto Superior de Economia e Gestão
Contrariamente aos outros dois exemplos, o complexo arquitectónico do ISEG situa-se no centro histórico da cidade de Lisboa e ocupa o que resta de um antigo convento e parte da sua cerca. Nesta, o arquitecto Gonçalo Byrne, com Manuel Aires Mateus e outros, decidiu, a partir de 1990, projectar o estacionamento que é também o embasamento para dois longos corpos paralelepipédicos definindo um pátio/praça que se prolonga visualmente para o jardim público projectado por Cristino da Silva no processo de remodelação do edifício da actual Assembleia da República e espaços públicos adjacentes. Articulando esses dois corpos com o convento, um conjunto de dois paralelepípedos em colisão, construídos a uma cota intermédia, abrigam a biblioteca, enquanto o convento foi reabilitado, incluindo elementos novos que os arquitectos quiseram integrados na expressão dos novos corpos, conferindo assim, não só actualidade, como uma unidade ao conjunto tão dispare na génese temporal, no propósito útil e nos sistemas construtivos. Neste complexo, a valorização dos espaços colectivos é evidente, concluindo-se que houve uma vontade em criar uma “cidade” dentro da cidade. A sua construção decorreu entre 1993 e 2000.


Conferência 4
Por Leonor Ferrão
Prof. Auxiliar da FAUTL
e Luísa Arruda
Prof. da FBAL

Algumas notas sobre o Palácio Centeno

No âmbito do ciclo de conferências sobre o património arquitectónico da Universidade Técnica de Lisboa, cumpre-nos abordar o edifício da Reitoria, conhecido como Palácio Centeno. O palácio foi mandado construir pela rainha-viúva D. Catarina de Bragança (1638/1662-1705) para as suas açafatas, nas proximidades do que mandou construir para si própria, o Paço da Bemposta (marcando o seu regresso à corte portuguesa em 1693). O Paço conserva pouco mais do que os dois portais, conferindo uma expressão marcadamente seiscentista à frontaria. Pelo contrário, o palácio das açafatas encontra-se relativamente bem conservado e apresenta uma noção de escala e gosto característicos do barroco português setecentista (apesar das intervenções nos séculos XIX e XX). Para se entender esta mudança de gosto é importante focar um brevíssimo perfil da encomendadora enquadrado na complexa conjuntura política que ditou o seu casamento com Carlos II de Inglaterra (1630/1660-1685) e posterior regresso a Portugal e considerar os aspectos mais significativos do edifício no contexto da arquitectura áulica
Portuguesa do início do século XVIII.


Conferência 5
Por Maria João Pereira Neto
Prof. Auxiliar da FAUTL
e Prof. José Duarte Gorjão Jorge
Prof. Associado da FAUTL

Instituto Superior Técnico

O processo de transformação em matéria patrimonial, geralmente reconhecida como tal, de um edifício cujo uso não se alterou ou cuja moldura urbana não perdeu em absoluto o seu carácter original não deixa nunca de ser complexo, nas suas sucessivas etapas, e, simultaneamente, de obedecer a uma conjugação de operações de natureza diversa que vão da remodelação da memória dos factos que lhe deram origem (e, por aí, do estatuto da instituição que representa) até a essa espécie de glorificação dos actores de um drama que se inicia com a sua concepção e termina, exactamente, no reconhecimento da sua potencialidade para acolher memórias colectivas. Afinal, trata-se sobretudo da ressignificação, à luz de novos valores, de uma obra que, mantendo-se todavia viva, sofreu a enfatização de uma dimensão da sua presença: a simbólica. Os edifícios do Instituto Superior Técnico cujo projecto (1927) é da autoria de Porfírio Pardal Monteiro estão, obviamente, no caso.
Pretende – se pois, com esta comunicação, estabelecer as bases para o debate e reflexão crítica que integre os olhares da História e da Teoria da Arquitectura sobre um conjunto de edifícios determinantes para a crónica da Universidade Técnica de Lisboa.



Conferência 6
José Manuel Fernandes
Prof. Catedrático da FAUTL

Faculdade de Motricidade Humana

Esta escola, instalada no antigo edifício do Instituto Nacional de Educação Física – INEF, inclui-se no complexo desportivo do Jamor, datando da década de 1940 e integrando a vasta realização do Estádio Nacional (1940-44). Trata-se de uma obra claramente inserida na chamada “Arquitectura do Estado Novo”, de cunho monumentalista e classicizante, com uso abundante dos materiais “nobres’ como a pedra: o corpo principal da fachada simétrica, sobre-elevado, inclui três grandes portais ornados com baixos-relevos, culminando a escadaria fronteira. Constituiu projecto por um dos principais colaboradores de Duarte Pacheco, o arquitecto Miguel Simões Jacobetty Rosa (Alcobaça, 24/2/1901 – Lisboa, 4/11/1970), e foi ocupado pelo INEF já em 1954.
A análise da planta térrea e dos elementos icónicos da fachada principal da FMH testemunham por um lado a sua composição funcionalista de volumes, com inspiração bauhausiana, mas por outro a contraditória marcação, num desses volumes, de um eixo de simetria, significado e acentuado por um pórtico monumentalizante de feição clássica. Esta contradição entre volumerias funcionais e “livres” e axiologia simétrica é uma característica patente em muitos edifícios desta época em Portugal, exprimindo possivelmente a formação ecléctica dos seus autores, entre o academismo tradicionalista e a dinâmica da arquitectura moderna.
Outra das expressões contraditórias do edifício é o do contraste plástico e material entre o pórtico de pedra da entrada principal, enquadrado pela escadaria, e o volume cilíndrico e dinámico das caixa de escadas, noutro corpo do edifício, com uma expressão de maior leveza e modernidade, utilizando amplas cortinas de paredes curvas em tijolo de vidro.

Faculdade de Arquitectura

A inauguração do novo conjunto edificado para a Faculdade de Arquitectura no Pólo da Ajuda, em projecto coordenado pelo arquitecto Augusto Pereira Brandão (n.Lisboa 13/3/1930), então o seu director (com obras em 1989-93), sucedeu em 1994. O conjunto de desenho urbano do Pólo Universitário da Ajuda, onde se inscrevem esta e outras escolas, foi também de sua responsabilidade.
A concepção da Faculdade de Arquitectura foi pensada de forma aberta, pavilhonar, modulada – decerto reflectindo a experiência do autor na concepção de escolas do ensino médio, para além do seu conhecimento directo de várias escolas de arquitectura com desenho moderno, com destaque para a Faculdade de Arquitectura de Brasília (a FA UnB, no edifício ICC / Instituto Central de Ciências da UnB, por Óscar Niemeyer, n.1907), construído em 1963-71.
Apresenta uma volumetria algo dispersa, de dominante horizontal – com a frequente solução das coberturas em planos oblíquos a 45 graus. Um volume central dominante, o “Cubo”, compacto e maciço, alberga espaços de conferências, exposições, os centros de documentação e informático. À sua volta, com volumes de um a dois pisos, implantam-se os vários núcleos pedagógicos. Do lado da entrada principal, virada a poente, está implantado o pavilhão administrativo, com a secretaria e os órgãos directivos (mas faltou erigir o corpo de acesso, que antecederia o da secretaria). O espaço exterior, lageado, arrelvado e arborizado, dividido numa retícula de alamedas pedonais, com escadas e rampas, desempenha um papel preponderante na articulação e comunicação entre os vários blocos e núcleos – que apresentam uma colunata emblemática (em betão pintado de azul), em esboço de galeria semi-coberta, ao longo das suas fachadas. Os interiores das salas de aula, que comunicam por regra entre si e com os mezzaninos anexos de modo aberto, apresentam uma luminosidade intensa e acolhedora.
Refira-se ainda a influência do chamado Brutalismo, corrente arquitectónica dos anos 1960, no quadro da obra de James Stirling (1926-1992), nomeadamente pensando na Biblioteca da Universidade de Cambridge, de 1964-68, com temas espaciais e construtivos que se encontram de algum modo na FAUTL: espaços-núcleo, abrangentes, com sistemas multifacetados de cobertura, servidos por amplos sistemas de iluminação zenital com estruturas envidraçadas, de característicos ângulos de 45 graus.

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