O que é o Rés do Chão? O Rés do Chão é um projecto que pretende, através da reocupação e reabilitação dos pisos térreos desocupados, revitalizar as ruas e dinamizar a cidade. É um projecto premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito da iniciativa FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, realizada em parceria com a Cotec Portugal e apoiada pelo Instituto de Empreendedorismo Social.
Que problema identifica? O Rés do Chão identifica um problema que se tem agravado na cidade de Lisboa: a crescente desocupação dos pisos térreos comerciais urbanos.
A União das Associações de Comércio e Serviços (UACS) informa que, em 2012, a média de estabelecimentos comerciais a encerrar por dia, no distrito de Lisboa, foi de 13 e que se estima que em 2013 esse número tenha aumentado para 16.
Entre outras causas, a diminuição do comércio de rua tem conduzido a uma significativa desocupação dos pisos térreos e, consequentemente, à degradação do património edificado e espaço público; à desertificação das ruas e aumento do sentimento de insegurança e à perda das dinâmicas de bairro e das relações de vizinhança e proximidade.
Qual a sua missão? Os ciclos económicos, políticos, sociais que afectam os artefactos urbanos são cada vez mais curtos, abreviando a sua obsolescência. O projecto de arquitectura, tal como o projecto urbano deve, pois, ser capaz de reagir positivamente às mudanças de uso e significado que irão ocorrer durante o ciclo da sua existência, agora em ritmo cada vez mais acelerado. Manuel Tainha,
Textos de Arquitectura, 2006
O Rés do Chão constitui soluções que contribuem para o aumento do número de pisos térreos urbanos ocupados e revitalizados. Através destas soluções o Rés do Chão contribui para a requalificação do património edificado e do espaço público; para a diversidade funcional das ruas; para o aumento da atracção e concentração de pessoas e, consequentemente, para a construção das relações de vizinhança e proximidade.
Onde será implementado? A Freguesia da Misericórdia em Lisboa encontra-se em estudo para implementação do projecto piloto. Esta Freguesia agrega um conjunto de ruas particularmente afectadas pelo encerramento do comércio de rua e consequente esvaziamento dos pisos térreos, destacando-se as Ruas da Boavista e São Paulo,a Rua Poço dos Negros e Poiais de São Bento, entre outras.
Esta zona apresenta uma enorme potencialidade pelo seu anterior carácter industrial e comercial; pela centralidade e proximidade com o rio; pela qualidade patrimonial do edificado e pelas várias associações e organizações culturais que nela residem. Os planos de regeneração urbana do Aterro da Boavista, 24 de Julho e Frente Ribeirinha, assim como a existência de vários serviços e acessibilidades reforçam a atractividade do bairro.
O Rés do Chão pretende no futuro intervir noutros bairros e cidades, onde o problema da desocupação dos pisos térreos comerciais se evidencie.
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