Os lugares que hoje habitamos são profundamente diferentes dos espaços da cidade. A palavra e a ideia de cidade – espaço contínuo, compacto de forma e limites reconhecidos - não invocam a complexidade, extensão e heterogeneidade da construção urbana contemporânea, não explicam as territorialidades dos processos de metropolização.
Falar de cidade ou de metrópole (aqui no sentido da cidade de grandes dimensões) não serve a produção de conhecimento, invenção e transformação do espaço urbano contemporâneo que permite o seu estudo, projecto ou governação e não servem a Arquitectura enquanto profissão comprometida com um projecto urbano colectivo, público e democrático. A radical transformação urbana que aconteceu nos últimos dois séculos e sobre a qual existe uma convergência temática de vários campos científicos é um tema tão complexo como vasto e tem resultado na produção numerosa de interpretações, estudos e léxico; métapolis, metrópole territorial, postmetropoli, metrópole dos indivíduos, junkspace, cidade-território, etc ...
Como tentativas de apreensão de uma realidade espacial que escapa à possibilidade de uma ordem ou de um projecto mas que se revela nos seus processos culturais, económicos e sociais. A exposição de registos visuais realizados ao longo de dois anos na Área Metropolitana de Lisboa procura captar os seus lugares para tornar visível perspectivas de pensamento e discurso arquitectónico sobre a contemporaneidade do espaço urbano. Esta é uma inquietação fundamental do trabalho científico de doutoramento da autora, na Faculdade de Arquitectura do Porto, que questiona a possibilidade de projecto urbano colectivo para as Áreas Metropolitanas de Porto e Lisboa.