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Homenagem a Nuno Teotónio Pereira
17.02.2017
No dia 30 de janeiro - dia em que completaria 95 anos - realizou-se a homenagem ao arquiteto e democrata Nuno Teotónio Pereira, falecido há um ano (20 de janeiro de 2016), com a inauguração de um mural na freguesia de Alvalade e o lançamento da segunda edição (a primeira integral) da sua obra "Evolução das Formas de Habitação Plurifamiliar na Cidade de Lisboa".

As cerimónias de homenagens, organizadas pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Junta de Freguesia de Alvalade e que contaram com a presença do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, começaram junto ao Mercado de Alvalade, no local onde o artista urbano João Samina pintou um mural evocativo de Teotónio Pereira, a partir de uma fotografia que retrata o arquiteto. No local, após o descerramento de uma placa alusiva à ocasião, o artista (que assina SAMINA)agradeceu o convite da Junta de Freguesia de Alvalade e da CML, na dupla qualidade de artista e arquiteto admirador do homenageado.

A viúva, Irene Buarque, referiu o simbolismo da data, pois Nuno Teotónio Pereira "gostava de celebrar os aniversários". Para o neto, Tiago Teotónio Pereira, a figura do avô, para além do que transmite às novas gerações em termos de intervenção política e cívica "nestes tempos conturbados", será também recordada como pioneiro da reabilitação urbana da cidade de Lisboa, manifestando a sua satisfação por "o programa de reabilitação foi cumprido, o que agradecemos ao presidente Fernando Medina". Para André Caldas, presidente da Junta de Freguesia de Alvalade - onde o arquiteto construiu e viveu -, este mural e a placa "vêm recordar à atual geração, que não é nem ignorante, nem ingrata" os valores por que se bateu, contra a ditadura e pela liberdade, num momento em que, "de um e do outro lado do Atlântico, se adensam nuvens negras".

Já no edifício Caleidoscópio, no Campo Grande, foi lançado o livro "Evolução das Formas de Habitação Plurifamiliar na Cidade de Lisboa", trabalho de investigação realizado pelo arquiteto e por Irene Buarque entre 1978 e 1979 para a Fundação Calouste Gulbenkian, e cujo espólio doaram ao município em 2013. Uma versão reduzida deste estudo foi publicada em 1995 pela editora Livros Horizonte, que agora é editado na versão integral com a chancela do Município de Lisboa.

O presidente da Ordem dos Arquitetos, João Santa Rita, referiu-se ao homenageado como um "grande exemplo da arquitetura e da cidadania", coroado com "a sua generosidade de sempre, também expressa ao deixar este espólio à cidade" e na sua dedicação em prol da arquitetura e dos arquitetos. Ricardo Carvalho, autor do prefácio do livro, apresentou a obra, referindo tratar-se de "um olhar diferente sobre a arquitetura lisboeta, mais abrangente do que é habitual num arquiteto". Para este estudioso da obra de Teotónio Pereira, cujo atelier "foi também uma escola para muitos arquitetos", devemos continuar a ter presente que "a cidade social deve ser sempre um desígnio dos arquitetos e dos políticos".

Depois de a viúva, Irene Buarque, recordar como foi criar a obra original (onde teve papel importante ao fotografar todos os edifícios que nela constam) e, agora, preparar esta nova edição - "um verdadeiro presente de aniversário dado pela Câmara", com agradecimentos ao Departamento de Património Cultural da autarquia, que "visitou todos os edifícios para os vistoriar e fotografar" - foi a vez das intervenções políticas, por parte da presidente da Assembleia Municipal, Helena Roseta, e do presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina, que esteve acompanhado pelos vereadores, Catarina Vaz Pinto e Catarina Albergaria.

Para Helena Roseta, "mais na condição de arquiteta, amiga, admiradora e cúmplice de Teotónio Pereira, na resistência e na arquitetura", este foi "um livro pioneiro, um retrato de autenticidade da arquitetura lisboeta, com a habitação e a vida coletiva como causas comuns". O edil lisboeta fechou a sessão, referindo-se ao homenageado como "uma das mais destacadas personalidades da arquitetura portuguesa, lisboeta convicto, com uma intervenção cívica e urbana exemplares". Fernando Medina evocou as mais importantes obras do arquiteto e o seu trabalho em prol da habitação social bem como a sua atividade política e cívica, na defesa das liberdades políticas. Para o autarca, "todos devemos um agradecimento ao homem e à sua obra e prosseguir os seus valores da liberdade, da justiça e da coragem".

Figura proeminente da arquitetura nacional, Nuno Teotónio Pereira foi um dos grandes impulsionadores da arquitetura moderna, tendo realizado obras marcantes na cidade de Lisboa. Foi premiado com alguns dos principais galardões nacionais, como o Prémio Valmor em três ocasiões (1967, 1971, 1975), Prémio Gulbenkian, e INH, entre outros. Defensor da prevalência da função sobre a forma, Teotónio Pereira dedicou-se principalmente à habitação e à renovação dos edifícios religiosos, reflexo da sua postura ativa como católico progressista.


Nuno Teotónio Pereira também colaborou, com o arquiteto Miguel Jacobetty, nos projetos para o Bairro de Alvalade. Era neste bairro lisboeta que residia e foi também aí que acabou por falecer a 20 de janeiro de 2016, a poucos dias de completar 94 anos.

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