Instant City é o próximo debate do ciclo de debates
in conflict, que conta com nove debates tendo sido seis deles escolhidos através de uma Open Call , com o objectivo de trazer a debate o mais amplo espectro possível de temas e intervenientes em torno das questões lançadas pela curadoria.
Instant City procura discutir os assentamentos de emergência para população deslocada a nível global por consequência de guerras ou condições políticas, climáticas e sanitárias. Há actualmente 80 milhões de refugiados, muitos em campos que incorporam a espacialização da expulsão e exclusão, com condições de higiene e segurança precárias.
Ao mesmo tempo, mil milhões de pessoas vivem em bairros de lata, crescentes geografias da vulnerabilidade social. Enquanto a arquitectura e o planeamento urbano geralmente ficam aquém nas suas respostas, o que podemos aprender destas cidades instantâneas? O que revelam sobre o papel da arquitectura no dilema humanitário e no nosso mundo instável? Alguns consideram as soluções informais mais eficientes que os esquemas excessivamente planeados; outros reclamam a valorização das soluções DIY dos habitantes desses campos enquanto agentes da produção do espaço. Entretanto, os arquitectos continuam a desenvolver sistemas modulares e de habitação portátil. Que perspectivas se aplicam às povoações migrantes? Questionar como vamos viver juntos exige foco na expressão física do conflito.
Toda a informação e programa disponível em
www.inconflict.pt
A cidade e o território, como construções colectivas, são a primeira arena de conflito, entendido enquanto acção de forças de sentidos opostos que se traduz em dissenso. Esta condição, implícita à pluralidade do espaço democrático, dá forma à produção da arquitectura.
In Conflict responde directamente à pergunta How will we live together? – lançada por Hashim Sarkis, curador da Biennale Architettura 2021 –, aprendendo com processos, caracterizados pelo conflito, que questionam a problemática do habitar nas suas dimensões física e social.
A resiliência e a reflexão pública transformam estes processos vivos (ainda sob agitação) em aprendizagem, sublinhando a acção e poder políticos da arquitectura. Relembrando o relato de Portugal ensaiado no filme Non, ou a Vã Glória de Mandar por Manoel de Oliveira, propõe-se assim uma visão construída a partir de um conjunto de lutas, ainda por superar.
O Pavilhão de Portugal desafia o público através de dois momentos complementares – exposição e debate.
A exposição, presente no Palazzo Giustinian Lolin em Veneza, dá notícia da arquitectura portuguesa do arco temporal da democracia a partir de sete processos marcados por destruição material, deslocação social ou participação popular. Todos eles têm um lastro mediático amplificado pela imprensa – compreendida como barómetro da acção e do envolvimento públicos.
Estes processos são testemunhos de uma democracia que começou com um Portugal empobrecido, a braços com falências habitacionais profundas e agravadas pela urgência demográfica da descolonização. Hoje, passadas mais de quatro décadas em democracia, a realidade é ainda frágil, pautada pela persistência de bairros informais, por um crescimento especulado dos grandes centros urbanos e pela desertificação do interior do país.
A partir destes sete casos, chamam-se à discussão outros projectos com afinidades quanto à problemática, escala ou modos de acção, construindo-se um panorama alargado e transversal dos primeiros 45 anos de democracia nacional através do seu reflexo na arquitectura portuguesa.
In Conflict procura, através da exposição e dos debates, pensar o papel da arquitectura enquanto disciplina artística, pública, política e ética. Na impossibilidade de resolver todas as contingências, importa hoje pensar como criar lugares onde todos tenham lugar à mesa, na expectativa de cumprir o projecto de um futuro em comum.
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